17.10.08

TRANSTORNO NO APRENDIZADO


É preciso atenção para diagnosticar

O Transtorno do Aprendizado vem de relatos muito antigos. Em 1902, Lancet, já fazia alguns comentários sobre o tema. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) que, em 1940, era chamado de lesão cerebral mínima e, em 1960, de disfunção cerebral mínima. “O Transtorno do Aprendizado é mais comum do que se pensa e cabe aos pais e professores ficarem atentos às reações dos filhos e alunos considerados problemáticos”, diz a médica pediatra e herbeatra, pós-graduada em Saúde Mental, Jane Carla Hasse. Segundo ela, estas crianças merecem no mínimo uma avaliação médica psicopedagógica, entrevista psicológica, junto à família. “O diagnóstico do transtorno do déficit de atenção, hiperatividade é clinico, o que várias vezes deixa os pais desconfiados”. Dra Jane ressalta que não se pode solicitar um eletro, tomografia ou um speact cerebral para ter o diagnóstico.

A origem do TDAH é genética, mas existem fatores gestacionais e perinatais que são tidos como situação de risco, são eles: abuso de álcool e fumo na gestação, prematuridade, baixo peso ao nascer e estresse fetal.Estas crianças apresentam um problema nos neurotransmissores, envolvendo principalmente a dopamina, apresentam uma taxa menor desta substância responsável pelo controle motor e pela atenção. A médica cita ainda existir um lado comportamental que contribui para o transtorno, como infância inexistente, introdução precoce de computadores e vídeo games.

A falta de conhecimento sobre o TDAH no âmbito escolar e entre os pais talvez seja um dos maiores problemas. Vários indivíduos que sofrem deste transtorno podem passar a vida toda sendo acusados injustamente de maleducados, preguiçosos, desastrados, desequilibrados, por não terem sido diagnosticados e tratados a tempo.

Agitadas, desafiadoras, agressivas, passionais, estes são alguns adjetivos usados para definir a pessoa que sofre de déficit de atenção, um problema que atinge, em todo o mundo, cerca de 5% das crianças e adolescentes. A prevalência é de 3% a 15% e ocorre mais em meninos que nas meninas.

“Ao falar em hiperatividade, o que passa na cabeça dos pais é uma criança que não fica quieta, mas é muito mais que isso”, aponta Dra. Jane. Ela diz que ao participar da 1ª Jornada de Neurociências do Cenep do Hospital das Clínicas, em julho de 2007, a psicóloga que palestrava, Rita Uhle, solicitou a platéia que um tocasse no outro, puxasse o cabelo, jogasse papel e completou: “Imaginem uma pessoa apenas fazendo isto. É o que se chama de hiperatividade”. Este transtorno já foi denominado por alguns de pediatrite aguda, devido ao excesso de ritalina que está sendo prescrito. “A ritalina era a medicação que vinha sendo utilizada até agora. Geralmente, usava-se no período em que a criança está em aula, descansa no outro período e nos fins de semana”. Hoje, há a ritalina de liberação prolongada e, de três anos para cá, a OROSMTH, com a qual pode se obter os melhores resultados, mas de alto custo.

Comportamento de risco

O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade. Apresenta comportamento inadequado e prejudica a concentração dos colegas em sala de aula, por exemplo, que o excluem. Este fato pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos e tornar-se introvertido ou agressivo, exibicionista e com baixa auto-estima.

“Estas pessoas têm tendência a comportamentos de alto risco, tais como dependência química e transtorno do impulso. É a pessoa que não consegue gerenciar a própria vida”, exemplifica Dra. Jane Carla Hasse. Segundo a médica, falta noção de limites a estas pessoas.

Na idade adulta

Estudos longitudinais demonstram que o TDHA não diagnosticado e não tratado persiste na vida adulta em torno de 60 a 70% dos casos. A maior preocupação é a das comorbidades. Algumas das mais freqüentes são desorganização, atrasos, perder objetos, explodir com facilidade, insegurança, inquietação e impaciência.

O adulto hiperativo apresenta problemas no trabalho e no relacionamento, bem como problemas emocionais. Algumas características são: desorganização, atrasos, perder objetos, explodir com facilidade, insegurança, inquietação, impaciência, baixa autoestima, ter diversos projetos ao mesmo tempo e não terminar nenhum. Um diagnóstico e tratamento corretos poderão ajudar a criança a diminuir as repetências, elevar a concentração por um período maior de tempo, evitar a depressão, superar problemas de relacionamento, ajudar na orientação vocacional, evitar uso de drogas.

Diversos pais demoram para procurar ajuda ou não aceitam um diagnóstico de hiperativo, geralmente por acharem que é “coisa da idade”, que “toda criança é agitada mesmo”, que “isso irá passar”.

Porém, quando o problema demora a ser diagnosticado, o hiperativo, a partir da puberdade, pode procurar as drogas, o álcool e praticar agressões sexuais a fim de tentar superar as dificuldades em adaptar-se à vida social. E, em alguns casos, a pessoa pode chegar ao ato extremo de cometer suicídio.

Para um tratamento adequado, Dra. Jane afirma ser importante um trabalho multidisciplinar com pediatra, neuropediatra, psiquiatra infantil, psicóloga, psicopedagoga e medicação. Dra. Jane alerta aos pais para não esperarem para procurar ajuda médica, pois quem mais sofrerá com isto no futuro é o filho.

Como a escola pode ajudar

Dra. Jane Carla Hasse
A escola deve auxiliar alunos hiperativos já diagnosticados traçando estratégias para que não se sintam entediados. Oque pode ser feito da seguinte forma:

- Substituir aulas monótonas ou cansativas por outras mais estimulantes;
- Apresentar novidades durante as aulas, como tarefas ligadas a: criar, construir, explorar;
- Organizar as carteiras em círculo, em forma de U, ao invés de fileiras, a fim de visualizar melhor toda a classe;
- Colocar a criança próxima a outras mais concentradas e calmas;
- Trazer a criança para perto e observar se ela acompanha o ritmo da aula;
- Colocar sempre no quadro as atividades do dia para que o aluno perceba que há regras pré-definidas e previamente organizadas e que todos devem cumpri-las;
- As tarefas deverão ter conclusão rápida para que o hiperativo não pare pela metade;
- Evitar cores muito fortes na sala e no vestuário;
- Permitir que o aluno saia algumas vezes da sala para levar bilhetes, pegar giz, ir ao banheiro;
- Pedir que o aluno faça três riscos no quadro. Isto será o número de vezes que ele poderá sair. Cada vez que ele sair, deverá apagar um risco. Isto funciona como um limite;
- Elogiar pelo bom comportamento e incentivar os colegas a elogiar suas produções;
- Uma agenda de comunicação entre pais e escola é importante;
- As aulas de educação física são um ótimo auxílio para estas crianças.

Mais informações
Dra. Jane Carla Hasse
(47) 3387-2076